sexta-feira, 7 de agosto de 2009

FELIZ DIA DOS PAIS!

Fazemos esta homenagem aos pais casados ou separados; brancos, pretos ou amarelos; liberais ou conservadores; presentes, ausentes ou negligentes; biológicos ou de criação. Àqueles que pagaram os estudos como se fosse apenas mais um carnê ou com grande dificuldade. Aos pais formados ou analfabetos. Àqueles para quem a sorte sorriu e àqueles que tiveram que fazer do talento e do esforço a única forma de manifestação da sorte. Àqueles que preferiam um médico, jornalista, advogado, engenheiro, administrador ou economista e que aceitaram de bom a sua escolha.

Vocês, pais, muito nos deram ao longo destes anos o milagre da vida. Deram-nos o primeiro sorriso, as primeiras palavras, os primeiros gestos de carinho. A segurança do colo, a altivez do olhar, a maciez do toque. Deram-nos o que materialmente era preciso: o alimento do corpo, as vestes para nos acalentar do frio, a cama onde repousar e dormir. Deram-nos a compreensão, o apoio, a segurança, o aprendizado. Mas fundamentalmente, deram-nos o caráter. E o caráter testa-se em pequenas coisas. Quando queremos saber de que lado sopra o vento atiramos ao ar não uma pedra, mas uma pluma.

Diz um provérbio francês que uma criança é um anjo cujas asas diminuem na medida em que suas pernas crescem. Crescemos e hoje somos anjos de uma asa só. Precisamos nos abraçar para alçar vôo.

Vivemos todos sob o mesmo céu, mas nem todos vêem o mesmo horizonte. É o olho que faz o horizonte e, ao erguermos a vista, hoje não vemos fronteiras.

Hoje pretendemos apenas seguir as batidas de nossos corações. Não são os princípios que dão grandeza ao homem. É o homem que dá grandeza aos princípios. E onde há uma vontade, há um caminho. Hoje nossa vontade é regada por entusiasmo, por esperança, por perseverança. Estamos conscientes de nossos desafios. Sabemos que não basta ser bom pela metade. Mas mesmo as pastagens mais verdes têm partes queimadas. Nada é perfeito.

Então, funciona assim: você faz o que tem medo e ganha coragem depois. Não antes. Disse Molière: “Os homens são todos parecidos em suas promessas. Só diferem nas realizações”.

Entre o certo e o errado há sempre espaço para erros maiores. Por isso, os dois únicos fatos verdadeiros na vida são que você nasce num dia e vai morrer em outro dia qualquer. O que acontece entre essas duas datas depende de seu modo de vida.

Mas, apesar de o trabalho ser importante, as coisas mais fundamentais são a família e os amigos. A família é o alicerce do qual vocês fazem e sempre farão parte. Os amigos, estes devem ser visitados com freqüência, pois o mato cresce depressa em caminhos pouco percorridos. A amizade é uma das maiores virtudes do ser humano. Mas, para se ter amigos, é preciso antes ser um.

Nós sempre temos tendência de ver coisas que não existem e ficar cegos para as grandes lições que estão diante de nossos olhos.

Vocês, pais, muito nos deram e muito nos ensinaram.

Ensinaram-nos a planejar nossos compromissos: a isso chamamos reflexão.
Ensinaram-nos a trabalhar os aspectos planejados: a isso chamamos ação.
Ensinaram-nos a acreditar que tudo dará certo: a isso chamamos fé.
Ensinaram-nos a fazer tudo com alegria: a isso chamamos entusiasmo.
Ensinaram-nos a dar o melhor de nós mesmos: a isso chamamos comprometimento.
Ensinaram-nos a ajudar ao próximo: a isso chamamos fraternidade.
Ensinaram-nos a aceitar as limitações dos outros: a isso chamamos tolerância.
Ensinaram-nos a receber as bênçãos com gratidão: a isso chamamos humildade.
Ensinaram-nos a entender que Deus está sempre presente e está nos detalhes: a isso chamamos amor.

Agora, tomo por empréstimo as palavras de William Shakespeare para acrescentar que vocês, pais, ensinaram-nos a aprender com os erros dos outros. A não brigar com os problemas e sim resolvê-los. A escolher as batalhas com sabedoria.

Ensinaram-nos que ou controlamos nossos atos ou eles nos controlarão. E que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados.

Ensinaram-nos a construir todas as estradas no hoje pois o futuro não é o lugar para onde estamos indo. É o lugar que estamos construindo.

Ensinaram-nos que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai ferir-nos de vez em quando e será preciso perdoá-la por isso.

Ensinaram-nos que leva anos para se construir confiança e apenas alguns segundos para destruí-la e que podemos fazer coisas em um instante das quais nos arrependeremos pelo resto da vida.

Ensinaram-nos que não importa o QUE temos na vida mas sim QUEM temos. E que as pessoas que nos são importantes são tomadas de nós muito depressa, motivo pelo qual devemos deixá-las sempre com palavras amorosas, pois pode ser a última vez que as vejamos.

Ensinaram-nos que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências. Que paciência requer muita prática e que a maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que tivemos, temos e teremos do que com quantos aniversários celebramos.
Ensinaram-nos que a vida, como um automóvel, é dirigida de dentro para fora, e não o contrário e que por isso, onde quer que formos, devemos nos levar junto.

Por tudo isso, nossa retribuição deu-se com o primeiro choro, o primeiro sorriso, os primeiros passos, as primeiras palavras, a primeira malcriação, o primeiro vaso quebrado e o primeiro dedo inchado. E agora, com esta cerimônia.

Olhem, por favor, para seu filhos, e vejam em suas faces cálidas que, parafraseando o Pequeno Príncipe, quando se está feliz, não se avalia o perigo. Não se tem fome ou sede. Um raio de sol basta...

Que venham os netos!
(TOM COELHO)

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