Dermatologista demonstra que consumidores aplicam muito menos filtro solar do que o recomendado pelo FDA o que pode comprometer a proteção contra o câncer de pele.
Um estudo realizado na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo revelou que a aplicação de quantidades inadequadas de filtro solar diminui o fator de proteção a menos da metade. O estudo demonstrou que, se uma pessoa usar um filtro solar com FPS 20 e aplicar a metade da porção recomendada, o fator de proteção cai para menos da metade. "Diferentes estudos mostram que os usuários aplicam entre 0,39 mg a 1,03 mg por centímetro quadrado, uma quantidade muito inferior da recomendada pelos fabricantes, que é de 2 mg. Nosso estudo mostrou que mais do que se preocupar com o valor do FPS informado no rótulo do protetor solar, os consumidores precisam estar atentos à quantidade aplicada, pois é o fator de maior impacto em termos de proteção", afirma o Dr. Sérgio Schalka, dermatologista, diretor da SBD-SP e autor do estudo.
O estudo foi publicado recentemente na revista científica Photodermatology, Photoimmunology & Photomedicine, referência mundial nas áreas de fotobiologia e fotoproteção. A pesquisa envolveu 40 voluntários de ambos os sexos, de pele clara, na faixa etária dos 18 a 51 anos.
De acordo com as legislações nacionais e internacionais, incluindo o protocolo do FDA (Food and Drug Administration), órgão norte-americano que regula os medicamentos e alimentos nos EUA, para determinar o valor do FPS (fator de proteção solar) dos filtros solares, a quantidade de produto aplicado é de 2 mg/cm2 - o equivalente a pouco mais de meia colher de chá para face, pescoço e braços, e pouco mais de uma colher de chá para tronco, costas e membros inferiores.
No entanto, diferentes estudos têm demonstrado que os consumidores, na verdade, aplicam muito menos produto quando se expõem ao sol, entre 0,39 a 1,3 mg/cm2. Estudos anteriores mostraram resultados contraditórios na tentativa de estimar a relação entre quantidade de produto aplicado e sua relação com o FPS. Por isso, o objetivo do estudo foi estimar a influência da quantidade de filtro solar aplicado na determinação do FPS, de acordo com a metodologia da FDA. "Sabemos que a quantidade aplicada em condições reais de uso é muito diferente daquela na condição laboratorial, entretanto a estimativa do impacto desta redução ainda não havia sido bem estudada", resume o Dr. Sérgio Schalka. O estudo comprovou que existe uma relação exponencial entre o FPS e a quantidade de produto aplicada. Foram estudados dois protetores solares, com diferentes fatores de proteção solar (FPS 15 e FPS 30), e em diferentes quantidades. Foi possível, dessa maneira, desenvolver uma equação, até então inédita na literatura médica, que permite estimar o valor do FPS em condições reais de uso, a partir do FPS informado no rótulo do produto e na quantidade aplicada. "Verificou-se que a aplicação de uma porção de 1 mg/cm2 (ou seja, metade da quantidade recomendada) de um filtro solar com FPS próximo de 20, reduz o valor real do FPS para cerca de 7,68", diz Schalka.
O uso correto do protetor solar e a adoção de outras medidas de proteção como roupas, chapéus e guarda-sóis são fundamentais para a prevenção do envelhecimento precoce e do câncer de pele, o mais comum entre todos os cânceres dos seres humanos - só no Brasil, o último levantamento do INCA (Instituto Nacional de Câncer) previu cerca de 120 mil novos casos de câncer de pele. A prevenção deve ser feita desde os primeiros anos de vida e os cuidados devem ser tomados durante todo o dia, mesmo no inverno e em dias nublados. "É essencial estar atento à quantidade de produto aplicada. Porém, o fato de usar o produto corretamente não deve servir de justificativa para cometer excessos e expor-se de forma exacerbada ao sol. O papel do filtro solar é minimizar os efeitos maléficos dos raios UVA e UVB. É uma ilusão pensar que ele bloqueia totalmente a radiação.", alerta o Dr. Sérgio Schalka.
Entenda o FPS
O fator de proteção solar (FPS) é o método mais popular para medir a eficácia do protetor solar, quantificando a proteção contra as queimaduras solares, causadas pelos raios UVB. Todos os produtos disponíveis no mercado, segundo normas da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), devem apresentar o resultado de um teste para determinar o valor do FPS de rótulo, que pode variar entre 2 até mais de 60. O FPS não mede a proteção contra os raios UVA.
Fonte: saude em movimento
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